Xadrez: batalha mental que move as peças do tabuleiro

Praticado sobre um tabuleiro de 64 casas, o xadrez é jogado em todos os continentes. O objetivo é avançar as peças e deixar o Rei adversário sem saída (denominado de Xeque-Mate).

Ao contrário de jogos como o futebol, voleibol, tênis, basquete, entre outros, o xadrez não conta com o fator sorte. Estratégia e tática são fundamentais durante a partida.

O enxadrista (denominação para quem joga xadrez) tem a responsabilidade de gerir os movimentos e capturar as peças adversárias para vencer a partida. Existem as peças brancas, que sempre começam a partida, e as pretas.


 

Modalidades do xadrez competitivo

Existem três modalidades no xadrez, que se diferenciam pelo tempo decorrido de jogo: no xadrez pensado, as partidas contam com mais de um hora de reflexão para cada jogador; no xadrez rápido, a partida tem mais de 16 minutos e menos de uma hora de duração; já no xadrez relâmpago, é oferecido menos de 16 minutos para cada participante executar o movimento.

Considerada pelo Livro dos Recordes (Guinness Book) a partida mais longa da história, o jogo entre os mestres iugoslavos Goran Arsovic e Ivan Nikolic durou 20 horas e 15 minutos, com 269 lances (538 movimentos de peças), em 1989, sem interrupção.

Para determinar o tempo que cada participante tem à disposição, é disponibilizado um relógio, que quando um dos participantes ativa o botão, o tempo do adversário começa a diminuir.

Peças do tabuleiro e movimentos

Há oito Peões, dois Cavalos, dois Bispos, duas Torres, um Rei e uma Dama. Cada tipo de peça conta com uma característica própria: a Torre em linhas retas, o Bispo em linhas inclinadas. A peça considerada mais forte é a Dama, que move-se em todas as direções e quantas casas forem possíveis, mas sem poder pular as outras peças, o que é permitido ao Cavalo, que anda em forma de um “L” (duas casas para uma direção e uma para outra). Os Peões, exceto na saída, quando podem andar duas casas, movem-se apenas uma para frente, comendo peças obliquamente.

Grandes mestres e os títulos mundiais

O atual campeão mundial de xadrez é o norueguês Magnus Carlsen. Atualmente com 24 anos de idade, ele detém o título desde 2012. Aos 19 anos, Carlsen tornou-se, em toda a história, o enxadrista mais novo a alcançar a primeira colocação no ranking mundial da Fide (Federação Mundial de Xadrez).

Entre os campeões mundiais mais conhecidos estão Garry Kasparov, Anatoly Karpov, Boris Spassky, Bobby Fischer e Mikhail Botvinnik. O brasileiro com maior destaque na história é Henrique Costa Mecking, popularmente conhecido como Mequinho.

Por suas conquistas, é considerado o maior jogador de xadrez brasileiro de todos os tempos. Mequinho alcançou seu auge em 1977, quando foi considerado o terceiro melhor jogador do mundo, superado apenas por Anatoly Karpov e Viktor Korchnoi.

Características fundamentais em um enxadrista

Graduado em História e mestre em Educação pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), o professor de xadrez Claudionor Pirola conta que um enxadrista de alto rendimento precisa ter muita capacidade de trabalho para conseguir se manter em alto rendimento. “Gostar muito do que faz e ter um bom aspecto psicológico para aguentar as pressões das partidas decisivas é algo fundamental em um enxadrista”, conta.

Praticante de xadrez desde os 13 anos de idade, Pirola define o xadrez como uma arte, um esporte e uma ciência. “Os jogadores são como generais que devem conduzir seus exércitos, utilizando de diversas estratégias para vencer a batalha”, compara.

Segundo ele, a vontade de vencer precisa ser superior ao medo de perder. “Quando jogamos com receio da derrota, tomamos decisões ruins, recuamos demais, supervalorizamos as ameaças do adversário e não conseguimos abrir a mente para nossas possibilidades, e quando isso ocorre, a derrota é quase certa”, afirma.

“O enxadrista não deve se preocupar demasiado com o resultado final da partida, mas em se preocupar em dar seu melhor no tabuleiro, sendo o resultado a consequência disso”, completa.

Benefícios do xadrez

Ao estimular o raciocínio lógico, capacidade de concentração, tomada de decisão, controle de tempo, entre outras características, segundo o mestre em educação, Claudionor, o xadrez influencia no rendimento escolar e intelectual de seus praticantes. “As mesmas qualidades exigidas e trabalhadas no tabuleiro são exigidas na escola e em todas as práticas sociais que envolvem o intelecto”, diz.

Ele já foi campeão catarinense em 2010 e conquistou o Brasileiro Universitário por equipes. Além disso, foi campeão dos JASC (Jogos Abertos de Santa Catarina) em 2011, representando Florianópolis.

Como treinador, Pirola se inspira no grande mestre Efim Geller, soviético que figurou entre os melhores enxadristas do mundo na década de 1960. “Uma de suas qualidades era a preparação de repertórios de abertura, sendo muitas vezes designado para assessorar os enxadristas soviéticos em duelos decisivos”, pontua.

Rendimento da enxadrista içarense

Atual campeã brasileira Sub-20 e do Catarinense categoria Adulto, a enxadrista Kathie Goulart Librelato começou a praticar o xadrez com aproximadamente 11 anos, nas aulas de Educação Física. Após conhecer a modalidade na escola, foi incentivada pelos pais.

“Quando a oportunidade de participar do Projeto “Xadrez que Educa” surgiu, em 2012, passei a praticar a modalidade como um esporte de rendimento e, a partir desse momento, a ser incentivada também pelo meu técnico, Claudionor Pirola”, lembra.

Atualmente com 16 anos de idade, ela representou o Brasil no Sul-Americano Sub-20 de Xadrez, que aconteceu em Barrancabermeja, na Colômbia, e terminou em nono lugar. Este foi um feito inédito para a região Sul de Santa Catarina.

“Espero conseguir evoluir tecnicamente e assim, como uma meta de médio prazo, buscar uma vaga na Equipe Olímpica Brasileira Feminina de Xadrez“, projeta.

Em 2014, a enxadrista também foi campeã catarinense Sub-16 feminino. “Prefiro o ritmo pensado, no qual tenho mais tempo no relógio e posso desfrutar de todos os momentos de uma partida”, revela. A içarense não tem nenhum enxadrista famoso como ídolo, porém admite que inspira-se nas partidas dos grandes jogadores assistidos em aula.

“Em cada treino e competição, busco dar o meu máximo, talvez isso tenha sido o fator determinante em algumas competições, porque tento não pensar muito no resultado das partidas, buscando apenas dar o meu melhor em cada uma delas”, finaliza.

Roteiro, reportagem e edição: Erik Borges e Camila Brozowski
Professor orientador: Elias Rafael
Disciplina: Web Design
Fotografia: Erik Borges e Camila Brozowski
Vídeo: Erik Borges e Camila Brozowski

MATÉRIA INTERATIVA
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