Mobilidade Urbana

Transporte ferroviário é alternativa para os acadêmicos de Içara


Com capacidade para aproximadamente 200 pessoas, o trajeto do trem de Içara a Criciúma tem por objetivo reduzir o tempo de deslocamento dos estudantes.


Vinícius Pickler e Rafaela Maffioletti

Prof. orientador Cláudio Toldo (SC0646JP) | Design: Prof. orientador Elias Rafael



Chegada dos estudantes ocorreu na linha férrea ao lado da Satc, no Bairro Universitário. | Foto: Vinícius Pickler

A primeira viagem do trem de Içara a Criciúma foi realizada na segunda-feira (19). Com aproximadamente 170 estudantes da Faculdade Satc e da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), distribuídos em cinco vagões, o veículo saiu por volta das 18h20min próximo ao Terminal Rodoviário de Içara, com chegada ao lado da Satc.

O objetivo da viagem de trem é de reduzir o tempo de deslocamento dos estudantes e baratear os custos da viajem.

De acordo com o prefeito de Içara, Murialdo Canto Gastaldon, o trem está em fase de testes por 15 dias. “As avaliações iniciam hoje e queremos facilitar a mobilidade urbana utilizando meios alternativos como é o trem”, frisou.


Prefeito de Içara Murialdo Canto Gastaldon: "O trem está em fase de testes por 15 dias”. | Foto: Vinícius Pickler

Ainda segundo Gastaldon, essa é uma ação que vai beneficiar muitos estudantes. “O acadêmico vive hoje um transtorno no trânsito, porque passa mais tempo em engarrafamentos, e com o trem queremos mudar isso, além de trazer um momento de descontração e cultura entre eles”.

Conforme o coordenador de transporte da Secretaria de Educação de Içara, Fernando Klima Felipe, o período de testes da linha ferroviária vai possibilitar avaliações e ajustes para melhor atender os estudantes.

“O objetivo é avaliarmos as condições do trem e adaptarmos o que é preciso. Mas não vamos nos resumir a isso, queremos ter durante os deslocamentos do trem um momento de interação entre os acadêmicos”.


Uso da ferrovia para transporte de passageiros ainda depende de licença da ANTT. | Foto: Vinícius Pickler

O uso da ferrovia ainda depende de uma licença da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para que o município consiga ter a liberação definitiva para operar normalmente o transporte.

Parceria com a Satc

Segundo o gerente operacional da Satc, Luiz Augusto Faraco Wasniewski, a iniciativa trará benefícios para a instituição. “Durante as reuniões que tivemos, o transporte ferroviário se tornou uma alternativa viável para se colocar em prática”.

Além disso, para ele, a ativação do trem resgata também a cultura de cada munícipio. “Para o nosso aluno, o trem será um resgate de cultura e de experiências que o acadêmico nunca vai esquecer”.


Comandante do 9ºBPM, tenente-coronel Evandro Fraga, acompanhou o embarque de volta para Içara. | Foto: Assessoria PM

A opinião dos estudantes

Os cinco vagões que realizam o percurso entre Içara e Criciúma possuem capacidade para transportar 200 passageiros, 40 em cada vagão. A primeira viagem experimental levou alunos à Satc e Unesc.





Repórter viaja de trem pela primeira vez

Rafaela Maffioletti

Percorrer o trajeto de trem não se assemelha a nenhum outro transporte. As poltronas são confortáveis e o espaço entre elas mais amplo. O diferencial está na aparência, enquanto o ônibus tem um aspecto mais moderno, ar condicionado, o trem é rústico, pode-se dizer até que antigo.

Em partes, antigo até demais, as janelas não são fáceis de manusear, mas a vantagem é não ver carros e prédios ao redor, pelo menos na maioria do trajeto.


Janelas não são fáceis de manusear. | Foto: Rafaela Maffioletti

A velocidade também é diferente, inferior a de carros ou ônibus, mas chega ao destino facilmente. Enquanto motoristas de carros paravam no sinal vermelho, o trem estava ultrapassando todos.

Durante o viajem, artistas animavam os estudantes com músicas internacionais, desconhecidas pela maior parte dos jovens. Alguns estavam satisfeitos, outros nem tanto, mas o burburinho era generalizado.

Trafegar pelos tais “bairros de Criciúma” foi calmo (aqui uma referência ao medo de alguns estudantes em passar por localidades com baixo poder aquisitivo). A polícia estava em alguns pontos. E os moradores acenavam para nós.


A escada é pequena e sem locais de apoio para as mãos. | Foto: Rafaela Maffioletti

Há pouca acessibilidade ao subir e descer do trem. A escada é pequena e sem locais de apoio para as mãos. Para atravessar a rua em frente à Satc há faixas de pedestres, e a movimentação de alunos interrompe o tráfego dos carros.

O trajeto foi rápido, apenas meia hora, sem trânsito, barulhos externos e também seguro. Para quem irá usar diariamente, serão necessárias adaptações, mudanças de horários, hábitos.

Para quem viaja de trem pela primeira vez, a experiência é interessante.


Veja como foi parte da viagem dos estudantes

Vinícius Pickler